Resenha: A filha da minha mãe e eu






Título: A filha da minha mãe e eu
Autor(a): Maria Fernanda Guerreiro
Editora: Novo Conceito
ISBN: 9788563219152
Número de páginas: 272
Ano: 2012
Skoob
Sensível e tão real a ponto de fazer você se sentir parte da família, A filha da minha mãe e eu conta a história do difícil relacionamento entre Helena e sua filha, Mariana. A história começa quando Mariana descobre que está grávida e se dá conta de que, antes de se tornar mãe, é preciso rever seu papel como filha, tentar compreender o de Helena e, principalmente, perdoar a ambas. Inicia-se, então, uma revisão do passado – processo doloroso, mas imensamente revelador, pautado por situações comoventes, personagens complexos e pequenas verdades que contêm a história de cada um.
Minha opinião
Esse livro foi cedido pela Editora Novo Conceito.
Eu comecei a ler o livro antes da Bienal, mas acabei parando porque não estava no momento de uma leitura tão sensível e sobre conflitos familiares naquele momento. Após conhecer a autora no estande da Novo Conceito e ver as lágrimas da Julian - uma das pessoas mais queridas do estande, já que a equipe toda foi maravilhosa com todos - ao falar sobre o livro, tive a certeza de que ele ia me tocar e remexer as minhas feridas pela ausência da minha mãe em momentos da minha vida - a minha mãe faleceu há 12 anos. Claro que eu chorei em muitos momentos, uns por falta de ter vivido aquilo e outro por simplesmente identificar a minha própria estória nele por mais que a minha convivência com a minha mãe só tenha sido até os 14 anos.
Em A filha da minha mãe e eu, somos presenteados com uma estória intensa e comovente da relação difícil  entre Mariana e sua mãe Helena.
Mariana - ou Naná, como a família a apelida carinhosamente - é uma jovem que assim como muitas sempre teve uma relação um tanto distante com a mãe por não aceitar diversas atitudes que presenciou durante toda a sua vida e por achar que ela ama mais seu irmão do que ela. Conforme amadurece e passa a descobrir cada vez mais sobre sua mãe, ela começa a entender que o amor sempre esteve presente, mas não da forma que ela acreditava que deveria ser, mas do jeito que sua mãe poderia lhe transmitir.
Helena é uma mãe como todas - posso falar com certeza disso - que faz tudo pelos filhos e pelo bem deles, mas a sua maneira um tanto durona e distante em alguns momentos. Mas tudo isso tem um grande motivo, ela acha que assim é o certo e que essa é a maneira de demonstrar amor, já que como não teve a mãe presente e quer ser totalmente o contrário de sua mãe, acha que apenas fazendo de tudo por eles, já faz dela uma mãe perfeita.
Perdi as contas de quantas vezes fui mal interpretada por minha mãe. E de quantas palavras injustas ela me disse. Naquela hora, tudo o que ela queria era, de novo, me sentir protegida pelo amor dela, exatamente como me senti no acidente. Mas acho que ela não percebeu isso. Ou talvez ela também quisesse tanto um colo que não poderia me dar o seu naquele momento. Só muito anos mais tarde entendi que não era comigo que ela estava nervosa, mas com a mãe dela.
Página 12
Durante a leitura, Maria Fernanda nos faz divagar pela família dessas duas mulheres incríveis e o que tiveram passar ao longo dos anos para se encontrarem como pessoas e a necessidade de Mariana prestes a se tornar mãe, querer que elas se acertem como mãe e filha. O pai de Mariana é o intermediário perfeito e o pai que eu sonhava ter em diversos momentos da minha vida, o pai que busquei para os meus filhos - sim, eu vi muito do meu marido nele. Por outro lado, Guga - o irmão que tanto deixa Mariana com ciúme - é um rebelde sem causa, um devastador do coração de sua mãe. Enquanto um evita chatear a mãe, acabando até assumindo um papel que não é seu que seria o de proteção, o outro não se importa nem um pouco com a dor que causa quando bate de frente com ela.
E quantas vezes nós tentamos entender nossas mães? E nós mães, tentamos entender as reações de nossos filhos? A resposta para essas duas perguntas tem um sentido diferente para cada pessoa. Eu me peguei tendo os dois pontos de vista em vários momentos e me perguntando sobre quem era minha mãe e que tipo de mãe eu sou, acabando por descobrir que em muitos momentos eu sou exatamente o que ela era. Posso dizer que para mim, o livro trouxe um autoconhecimento que eu não sabia que precisava, que buscava e descobri que eu sempre o quis.
A narrativa é toda em primeira pessoa e no ponto de vista de Mariana, o que nos permite estar bem próximos dela nessa busca de autoconhecimento e compreensão de tudo o que viveu com sua mãe ao longo dos anos e do quanto uma precisa do amor da outra, não dá forma que elas queriam que fossem as coisas, mas da forma simples que é. Como todo livro que narra conflitos familiares, é cheio de grandes emoções, revelações bombásticas e muita tensão entre os personagens envolvidos.
Enfim, uma estória que cresce a cada página com personagens que embora possam ser diferentes de nós, são tão humanos e consistentes que nos convencem. Recomendo para mães e filhas que acham que suas relações são complicadas, vai fazer vocês perceberem que são vocês que complicam tudo, todos os dias.
Mas não é nos sentimentos demonstrados que residem nossos maiores erros e sim naquele amor que, apesar de existir, não se mostra. Os pais querem tanto ser justos com os filhos que, às vezes, acabam sendo injustos.
Página 259

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