Resenha: O começo do adeus





Título: O começo do adeus
Autor(a): Anne Tyler
Editora: Novo Conceito
ISBN: 9788581630397
Ano: 2012
Número de páginas: 208
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Anne Tyler nos leva a um romance sábio, assustador e profundamente tocante em que descreve um homem de meia-idade, desolado pela morte de sua esposa, que tem melhorado gradualmente pelas aparições frequentes da mulher — na casa deles, na estrada, no mercado.
Com deficiência no braço e na perna direita, Aaron passou sua infância tentando se livrar de sua irmã, que queria mandar nele. Então, quando conhece Dorothy, uma jovem tímida e recatada, ele vê uma luz no fim do túnel. Eles se casam e têm uma vida relativamente modesta e feliz. Mas quando uma árvore cai em sua casa, Dorothy morre e Aaron começa a se sentir vazio. Apenas as aparições inesperadas de Dorothy o ajudam a sobreviver e encontrar certa paz.
Aos poucos, durante seu trabalho na editora da família, ele descobre obras que presumem ser guias para iniciantes durante os caminhos da vida e que, talvez para esses iniciantes, há uma maneira de dizer adeus.
Minha opinião
Livro cedido gentilmente para resenha pela Editora Novo Conceito.
Eu me apaixonei pela capa do livro a primeira vista quando o vi na Bienal do livro em SP, acredito que tenha sido pela simplicidade e pelo livro na capa, mas o fundamental foi o título. Dizer adeus, aceitar um adeus ou pensar em dar adeus a alguém nunca é fácil, mesmo quando sabemos que é o melhor caminho para seguir. 

Aaron tem algumas limitações motoras, mesmo assim tem uma vida normal com seu trabalho na gráfica da família como editor e um casamento aparentemente feliz com uma mulher que o respeita e o ama - e isso já se torna uma lição de vida durante a leitura. Em O começo do Adeus, nos deparamos com o drama de Aaron que após uma discussão totalmente irrelevante, perde a mulher em um incidente em sua residência - uma árvore invade a sua sala - e se vê perdido na vida, sem saber como seguir em frente e dar o adeus necessário para ser feliz.
Dorothy - a esposa do protagonista - é uma jovem médica, totalmente fora dos padrões que consegue enxergar em Aaron o que ele sempre tento mostrar para sua irmã: poderia ser tão independente quanto qualquer outra pessoa.
- Pelo menos você não vai ter de se acostumar com nada muito diferente na vida doméstica. É que Dorothy nunca cozinhava para você nem nada do gênero.
- Não, nós tínhamos um casamento muito igualitério. Nós nos tratávamos como dois adultos competentes.
Página 97

Não eram um casal padrão ou modelo para ninguém, mas se amavam e se respeitavam como iguais - algo que tenho achado cada vez mais raro mesmo com toda essa "evolução" da humanidade. Um era feliz por ter o outro e não porque os outros os achavam perfeitos um ao outro.
(...)Eu tenho 1,93 metro. Dorothy não chegava a 1,55 metro. Segundo minha irmã, se você nos visse andando juntos, pensaria que eram pai e filha indo para a escola.
Página 12
Assim que ela morre, Aaron perde todo o encanto pela vida e pela casa que eles dividiam chegando até a adiar a reforma cada vez mais, chegando até a se mudar de volta para a casa de sua irmã, Nandina, e deixar todas as responsabilidades da reforma nas mãos de Gil, o empreiteiro que o procura e se oferece para realizar a obra. A afeição dele por Gil é praticamente imediata, mas ter que retornar a viver com a irmã para ele é quase sinônimo de derrota e isso o deixa cada vez mais deprimido.
Quando Dorothy começa a surgir para ele em situações inesperadas, ele se questiona se está ficando doido, mas começa enfim a relembrar fatos do passado e encontrar o caminho de encontrar o adeus necessário para essa situação.
Em meio a tristeza, incerteza e melancolia, Anne Tyler conseguiu me fazer caminhar por um assunto tão intenso de forma leve e até divertida em algumas partes, mas sem fugir do foco central da estória que é a dificuldade de superar uma perda como essa e seguir em frente. Sua narrativa é em primeira pessoa, pela visão do Aaron, e consegue envolver o leitor a cada página com seu drama e depois com o seu crescimento pessoal inegável ao final do livro.
Antes de finalizar preciso dizer que não é auto-ajuda como vi algumas pessoas comentando sobre, é uma ficção muito bem escrita de uma estória que poderia ser real já que os personagens são bem próximos da realidade. Super recomendado.
Eu costumava brincar com a ideia de que, ao morrermos, finalmente ficamos sabendo para que a vida serviu. Nunca imaginei que pudesse descobrir isso quando outra pessoa morresse.
Página 162

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